Annelise
A maternidade como função obrigatória não é maternidade. Não é linda. Ser mãe por pressão não é ser forte. É ser fraca, é ser submissa, é ser subjugada por uma sociedade injusta, é ser subalterna de um sistema patriarcal desumano. Eu não concordo em colocar uma criança no mundo que irá representar tantas características negativas. Isso sim não é justo com uma potencial vida.
2015 Brazil
Neste tópico eu vou deixar escrito especificamente a experiência com os remédios e o processo abortivo especificamente. Mas abaixo em outro tópico conto minha história e meus motivos. Pelas minhas contas, eu estava de 7 semanas.Eu conhecia uma moça que diziam sobre ela ter abortado. E conhecia a sogra dela muito. Conversei no Domingo mesmo com ela, que me disse ter sobrado comprimidos e que me daria. Fiquei muito aliviada e ansiosa, porque eu não tinha dinheiro e nem ideia de onde arrumar os remédios. Eles chegaram na quinta-feira, dia 19. Eram 4 cytotec, da PFIZER. A menina havia usado 4 tbm, com 3 meses de gravidez e conseguido o aborto. Havia apenas um porém, estava escrito a validade, e o mês estava apagado, mas o ano era 2015. Ou seja, estava em Novembro, e eu tinha 1 chance em 12 de que o remédio estivesse fazendo efeito. Fui pra casa de uma amiga na sexta-feira. Às 19:30 coloquei dois embaixo da língua e introduzi dois lá no fundo. Os sublinguais não consegui manter por 30 min. Em 10 eles já haviam dissolvido completamente. Fiquei deitada umas 3 horas. NADA. Nem uma colicazinha. MEIA NOITE e NADA. Dormi. Acordei as 08:00 completamente normal. Nada nada nada. Não havia funcionado. Entrei em desespero, chorei o dia todo, e tive a informação mais tarde de onde comprar os remédios. Fui lá direto no trabalho do cara. Ele me explicou normalmente, como se falássemos de como o céu era azul. Custavam 200 reais CADA COMPRIMIDO. Saí de lá arrasada, chorei, chorei, chorei, pois não tinha dinheiro. Uma amiga minha havia ganhado na loteria, e eu pedi a ela. Ela ficou de me mandar, mas me julgou. Falou com desprezo que eu teria que pedir muito perdão a Deus e que não queria nunca ter ficado sabendo dessa história. Ela era pra mim como uma irmã, e foi uma surpresa enorme e terrível a maneira que ela reagiu. Mesmo assim, tive de engolir o orgulho, pq precisava do dinheiro emprestado, e queria comprar pelo menos 6. Ela enrolou, fez de boba, disse que estava deitada descansando que quando desse ia no banco. O sábado passou todo. Ela nao deu notícias, não perguntou como eu estava. Estava me desprezando mesmo. Depois mandou uma msg falando que só ia mandar na semana seguinte pq o banco tava cheio. E eu em estado de pânico pois já estava de 8 semanas, e precisava fazer isso no fds, pois eu tinha medo de passar mal. Trabalho na área da saúde, e se eu passasse mal no trabalho, todo mundo ia acabar descobrindo. E eu tinha medo de o tempo passar, o feto crescer e não ter mais tempo. Me desesperei tanto, bebi horrores neste dia. E quando eu menos esperava, um anjo bom me apareceu. Uma pessoa desconhecida que me foi apresentada e havia passado pela mesmo situação, porém com um fim horrível ( o aborto dela nao deu certo e aconteceram outras coisas ruins) e ela me ajudou. Sem me conhecer me emprestou MIL E DUZENTOS REAIS. Fui no dia seguinte, Domingo, comprei os remédios. Fui dentro da casa do cara. Casa normal, arrumadinha, biscoitinhos de goiabada na mesa. Quase pedi um. O remédio estava na caixa de remédios da família, junto com dipirona, estomazil, etc. Ele me deu os seis, e disse que não precisava usar os 6, que só 4 davam. Nem escutei. Eu na verdade se tivesse dinheiro, usaria uns 12 pra garantir. No domingo então, fui pra casa, sozinha. Aliás, meus irmãos, mãe e filha estavam lá, mas ngm desconfiava de nada, eu passaria o procedimento todo sozinha. Às 00:30, de Domingo para Segunda, já então com 8 semanas, comecei o procedimento. Era meu aniversário de 26 anos. Sim, inesquecível né? Enfiei 2, dessa vez com aplicador. Não fez muito diferença, ficou desengonçado, e eu tive que ajustar com o dedo. Coloquei 2 sublingual e esses sim, demoraram uns 25 min pra dissolver e não esfarelaram como os 2 usados na primeira vez. Deitei na minha cama, me cobri, e fiquei lá, de olhos arregalados esperando alguma coisa acontecer. Em 30 minutos comecei a sentir frio, arrepiar, ter uns calafrios. Não era nada demais. Sentia também uns acessos de calor repentino, e depois eu ficava novamente congelada de frio. Isso durou uma hora, e depois fiquei normal, sentindo uma cólica levíssima. De 0 a 10, a nota era no máximo 3. Passei a noite em claro. Não ia conseguir dormir, queria que algo acontecesse. Eu me levanto às 05:30 para me arrumar pro trabalho, e nessa hora a dor foi aumentando. Entre 05:30 às 06:00 Senti uma dor nota 5. Fui tomar banho e tinha um pouco de sangue. Ver o sangue era um alívio. Estava começando. Eu tinha medo, mas queria que a dor atingisse logo a nota 10, e que o feto saísse de uma vez só, para o pesadelo acabar. Fui trabalhar. Senti incômodo, cólicas, e o sangue saía pouquíssimo. Fiquei até preocupada, pois achei que não iria funcionar. Às 08:30 fui ao banheiro, e quando me assentei no vaso sanitário, despencou sangue de dentro de mim. Não “saiu” sangue. A impressão é que tinha caído, entornado, como quando se joga um copo d’água no chão. Eu fiquei assustada e surpresa. Me deu uma leve zonzeira. Aquilo estava mesmo acontecendo. Eu acho que ninguém escolhe passar por isso. Ninguém quer viver esse momento. Ainda que aliviada, eu não estava feliz. Não por arrependimento, mas é algo muito difícil. Senti cólicas nota 4 o dia inteiro, e o sangue deu essa entornada com a sensaçãode “cair” umas 3 vezes ao longo do dia. E foi diminuindo. A dor tbm, foi diminuindo. Era meu aniversário, as pessoas me parabenizavam, e eu estava completamente longe. Na terça-feira, a dor era pouquíssima, nota 2,5 ou 3. O sangue havia diminuído muito também, e eu comecei a ficar preocupada novamente. Cheguei até a entrar em contato com o cara que me vendeu os remédios. Ele disse muito tranquilo que eu não me preocupasse, que logo iria sair. (ele queria dizer o feto) Como neste dia eu senti pouca dor e estava até super disposta (sim) fui ao mercado, comprei varios ingredientes, preparei um jantar para mim e uma amiga, e estava tudo tranquilo. Tranquilo demais e aquilo me assustava. Então, à noite, fui ao banheiro, peguei a minha escova de dente, e antes que eu fale, não recomendo que façam isso, eu quis fazer sem nenhuma orientação porque estava com muito medo que não funcionasse, então peguei o cabo da escova e fiquei enfiando lá em mim, batendo com a ponta no útero, pra ver se estimulava concentração. Fiz isso por uns 5 minutos. Cena desagradável, momento desagradável... que situação! Em 20 minutos comecei a ter cólicas mais fortinhas. Nota 6. A primeira dor maior. Minha amiga foi embora, eu fui dormir e a dor aumentando aos poucos. No dia seguinte, na quarta-feira, de manhã a dor estava em 7. E eu completamente feliz. O sangue era pouco, fluxo bem moderado, menor que menstruação, mas contínuo. Uma coisa interessante de dizer, é que o sangue não é igual ao de menstruação. Eu pessoalmente, achei ele mais vermelho vivo, e fibroso. Se reparar, na hora que faz xixi e fica um pouco de sangue no vaso, ele não dissolve, ele fica espaçado, como gotas de óleo na água. Se vc olhar bem, ele é meio parecido com uma pele finíssima. É sangue, mas é diferente. De quarta pra quinta a dor atingiu a nota 8. Foram os dois dias em que senti mais dor. Nesse tempo todo tbm, saiam coágulos, mas poucos, nada assombroso como imaginei. Sinceramente, ficar menstruada era muito mais difícil. Eu tenho uma cólica horrorosa no primeiro dia, de sentir vômito e chorar, então pensei que o aborto seria pelo menos o dobro do incômodo. Não foi. Acho importante dizer que eu fiz uso de água inglesa, todos os dias, 3 vezes ao dia, 1/3 de copo após as refeições. É HORRÍVEL. Acho que uma das piores partes do aborto foi a água inglesa. ECA. E olha que não sou enjoada com nada. Na sexta feira, a cólica diminuiu novamente, o sangramento tbm. Eu estava muito nervosa e procupada porque o feto não saía. Eu queria vê-lo, só assim sentiria que estava tudo normal novamente, e que tudo havia terminado. Fui ao banheiro fazer xixi de manhã ainda, umas 10:00. Quando olhei o vaso, vi um coágulo mairozinho, que eu nem senti saindo de mim. Peguei de dentro do vaso e fiquei olhando. Tinha uns 5 cm, e era bem aprecido com um pedaço de carne. Tipo uma tripa, uma pele mais grossinha. No meio, tinha uma bolinha mais durinha de no máx 1 cm e eu resolvi ir cortando a “carne toda”pra entender o que era aquilo. Senti uma tonteira, porque tinha possibilidade de ser alguma coisa. Me deu um nervoso tremendo. Parecia uma cena de terror. Fui picotando a carne com um pedaço de plástico que tinha no banheiro, e ficou só a bolinha. Eu ia espremer a bolinha, mas quando olhei bem, vi duas micro bolinhas pretinhas de cada lado, no mesmo ângulo, algo que se assemelhava obviamente a dois olhinhos. Foi horrível. Era uma massa disforme que não nada pra interpretar, mas com certeza com a presença de dois mini olhinhos pretos. Fiquei bem abalada. Muito mesmo. Até chorei meio apavorada, sem compreender a sensação, o sentimento. Um terror, uma angústia, um desespero, uma tristeza horrível ter que passar por isso. Fiquei tão transtornada, que guardei essa bolinha q se assemelhava a uma cabeça num copo com água. Depois tirei fotos e enviei pra uma amiga que já havia tido um aborto. Ela disse que tinha certeza que era o feto. Que era bem parecido com o dela. Depois joguei fora. Depois que isso saiu, o sangramento quase cessou completamente. Ficou um leve corrimento. No Domingo fui ao hospital. Disse que minha menstruação atrasou, mas eu havia trocado de anticoncepcional e por isso não preocupei, mas que nos últimos dois dias senti uma dor muito forte na lombar, e que havia menstruado, que aé então tudo bem, mas quando fui tomar banho, saiu algo de mim parecendo um pedaço de carne, e eu fiquei preocupada de ser algum problema no útero. O médico ficou com pena da minha suposta inocência, pediu hemograma, exame de coagulação e beta-hcg, que óbvio deu posutivo. Então ele me deu a notícia com muito tato que eu havia dado positivo para gravidez mas que provavelmente eu sofrera um aborto. Eu reagi como se estivesse sabendo daquilo pela primeira vez realmente. Como se naquele momento mesmo eu soubesse que havia engravidado e além do mais, abortado. Fiquei em choque duplamente. Com a notícia e com a minha reação estar sendo real sendo que aquilo estava sendo tudo encenado. Chorei, fiquei pálida, confusa, e era tudo verdadeiro, apesar de não ser. Uma coisa muito estranha. Parece que naquele momento caiu a ficha de tudo que estava me acontecendo. Então, o clínico me levou ao obstetra que fez um ultrassom pélvico e disse que não identificava saco gestacional nem embrião nas imagens, e qe era pra fazer um ultrassom transvaginal pra confirmar. Hoje é terça-feira, fazem 8 dias pós aborto. O corrimento também está quase cessando completamente. Não consigo marcar a ultrassonografia definitiva nesta minha cidade de merda, se a história fosse verdadeira, eu estivesse grávida e tendo um aborto espontâneo eu perderia de qualquer forma, pois o atendimento daqui é péssimo. Pra vocês verem como essa história de pró-vida é hipocrisia. Pró-vida de quem? Eu quero fazer a ultrassonografia pois só vou ficar segura quando ver que meu útero está limpo e vazio. Mas sei que esse feto já saiu. (Não é possível que ia viver depois de 8 dias de sangue e plastas, só se fosse filho do Batman.) De qualquer forma, eu avalio o aborto como uma experiência bem tranquila fisicamente. Como eu disse, menstruar é mais difícil e mais doloroso. Já o psicológico é uma coisa bem difícil. Principalmente depois que passa. Eu me sinto aliviada e feliz por tudo ter dado certo, mas isso transcedeu meus próprios limites e creio que muuuuuuuuuuita coisa mudou em minha cabeça. Eu tenho enxergado a vida de outra forma. Apesar de estar satisfeita, tenho oscilações de humor. As vezes me sinto bem, normal, às vezes sinto muita vontade de chorar. E choro. É horrível. Ninguém deveria precisar passar por isso com tantos medos, inseguranças e riscos. Agora é deixar com que o tempo se encarregue de tornar essa situação apenas uma lembrança. E que esse sentimento nunca sentido acabe. Que seja neutro. Eu agradeço ao women on web, e a todos os relatos. Foram de grande apoio para mim. Fiquem calmas quem precisar passar por isso. Se vocês desesperarem provavelmente isso vai atrapalhar tudo. Deixa fluir. Seu corpo se entende com você. E as regras dele, é você quem define.
1- MINHA HISTÓRIA: Eu me chamo Ana, tenho 26 anos e uma filha de 6. Tive um relacionamento muito sofrido com o pai dela durante 8 anos. Ele me humilhava, me destratava, era possessivo, paranóico e muito egocêntrico. Minha filha não foi planejada, eu a tive com 20 anos, sofri muito na gravidez e em tudo, mas me apaixonei por ela desde o positivo. Eu achava que amava o pai dela, então, me submeti a essa relação doentia por muito tempo. Eu tinha esperanças de construir uma família. Com muito custo, consegui terminar em 2013 e viver a minha vida. Terminamos mas ele sempre foi apaixonado com nossa filha, apesar de nunca ter ajudado na criação dela com nenhum centavo, (ele nunca trabalhou, não gosta de fazer nada, quer só dinheiro fácil, só quer saber de beber, de fumar maconha e de festa) nós mantínhamos contato por causa da menina, ele sempre foi muito presente e depois de separados até nos dávamos bem como “colegas”. Neste ano, em Maio/2015 um problema sério afetou ele e a família dele. Eu me senti muito envolvida pq afetava a minha filha também, e apesar de ter sofrido muito com ele, nunca desejei nada de mal a ele, muito pelo contrário, sempre quis que ele melhorasse de vida, crescesse espiritualmente, mentalmente, profissionalmente, por causa de nossa filha mesmo. É muito triste ver sua filha crescendo adorando um pai que na verdade é um merda, um zero à esquerda e, saber que uma hora ela irá entender isso. Enfim, me envolvi neste problema, ajudei a solucionar e queria ajudar a família a colocar alguma responsabilidade na cabeça dele, e quando me dei conta já estava com ele novamente. Ficamos juntos de Julho até Outubro. Eu estava me sentindo muito infeliz ao lado dele. As coisas haviam mudado, eu havia me formado, estava trabalhando muito, me envolvendo em projetos maduros, levando uma vida completamente diferente da que eu tinha com ele no passado, e ele ainda estava no mesmo lugar. Não estava mais agressivo e imbecil comigo, isso não, estava até muito carinhoso, mas continuava ciumento e possessivo e nossa história já não me cabia mais. Não tinha mais nada a ver. O último dia que dormimos juntos, foi em 15 de Outubro. Eu estava no meu período fértil. Ele não ejaculou dentro. 1 semana depois terminei com ele. Fiquei novamente dona de mim e da minha vida. Eu deveria ficar menstruada no início do mês, até dia 05. E não veio. Enrolei, enrolei, mas comecei a sentir meus seios mais doloridos que o comum da tpm, minha barriga dando fisgadas idênticas a da minha gravidez, e praticamente tive a certeza. Fiz um exame 1 mês certinho após a minha relação sexual. No dia 15 de Novembro, num Domingo, descobri que estava novamente grávida. 2- MEUS MOTIVOS Fiquei completamente desesperada por saber que estava grávida. Eu descobrira que definitivamente estava alojando um aglomerado de células indesejadas em crescimento dentro de mim. Não, não era câncer. Eu não disse com essa frieza por ser uma doença. Era um embrião. Um quase feto. Seria mais adequado dizer de uma forma sensível que eu estava com uma linda vida abençoada dentro de mim, e, a qual eu não estava preparada para colocar no mundo? Não. Não seria mais adequado, porque nada aqui se trata de adequação. Aqui diz respeito A MINHA vida. Esta sim, vida viva, vivida e desejada. Meus medos, minhas dores, meus projetos, meu futuro e o de minha filha. Sim, de MINHA FILHA. A de verdade. A VIVA. Que vê, sente, chora, ri, ama, brinca, grita e cresce. A que EU ESCOLHI pra ser meu coração. A que eu não planejei, mas desejei muito. A que amei desde o primeiro instante. O futuro dela me interessava. O pseudo-feto não. Parece tão cruel dizer assim. Eu mesma me sinto culpada por dizer desse jeito “feto” como se fosse um pedaço de plástico descartável, como que se eu estivesse retirando a minha responsabilidade de genitora sagrada. Hein? Eu sempre sonhei ser mãe. Sempre amei a ideia da barriga crescendo,o bebê mexendo, pulando. Sempre amei a ideia de cuidar, amamentar, ver crescer, amar. E tive a experiência. E amei a experiência. Eu vi e vejo a beleza de ser mãe. Mesmo depois que minha filha nasceu e eu tive a oportunidade de vivenciar a maternidade eu continuei sonhando. Eu criei objetivos mais racionais, mas a ideia de ter outros bebês não me abandonou. Nunca. Nem com a presença do feto. É aí que está. Eu, feminista, militante por direitos iguais, não fazia ainda a ideia da consciência plena do corpo. Meu corpo. Eu continuo igual. A mesma. Os mesmos pensamentos, os mesmos desejos, o mesmo amor pela minha filha, a mesma vontade de ter outros filhos. Nada mudou. Não em minha cabeça. Acontece que em meu corpo sim. 2 linhas cor-de-rosa decretaram o que havia um outro corpo em formação dentro de mim. Mas aquilo simplesmente não me pertencia. Eu não reconheci maternidade nisso. Eu não queria prolongar aquilo. Eu não senti parte minha nessa história. A vida é cheia de problemas. Eu acho que o mínimo para que alguém venha ao mundo é que venha bem vindo. Que venha desejado. Que venha nas mínimas condições de ser amado. Que não nasça envolto de uma tensão familiar onde eu pegue o filho no colo e pense“coitadinho não tem culpa de nada” soltando uma lágrima por automaticamente estar culpando-o de me fazer estar ali sentada amamentando, quando o que eu gostaria mesmo era de estar seguindo meus sonhos. A maternidade como função obrigatória não é maternidade. Não é linda. Não é ser guerreira. Ser mãe por pressão não é ser forte. É ser fraca, é ser submissa, é ser subjugada por uma sociedade construída de forma injusta, é ser subalterna invisível e automática de um sistema patriarcal desumano. Eu não vou colocar uma criança no mundo que irá representar para mim tantas características negativas. Isso sim não é justo com uma potencial vida. Eu trabalho muito, é um sofrimento pra mim não estar com a minha filha o tempo todo, ter que depender da minha mãe pra olhar ela e apesar de cuidar tão bem, criar de uma forma que eu não aprovo, e eu não posso falar nada, pq ela é quem olha, e já é uma coisa que não é obrigação dela. Colocar mais um no mundo pra pesar minha mãe? E pior, pra ela estragar, deixar fazer o que quer? Pra eu ter q morrer de trabalhar pra sustentar medianamente 2 crianças? Pra que eles passem vontade de ter as coisas? A minha filha, sendo única, e já maiorzinha, eu ainda tenho como correr atrás de algo melhor pro futuro dela. Dois filhos eu teria que estragar muitas coisas que eu poderia fazer pra mim e pra ela. Eu não queria isso. E me dei a permissão de escolher.
Ang iligalidad ng iyong pagpapalaglag ay nakakaapekto sa iyong damdamin?
Sim. A culpa que a sociedade hipócrita nos cria, além da ilegalidade injusta do aborto afetam o psicológico e a segurança da decisão e autonomia do nosso corpo.
Ano ang reaksyon ng ibang tao sa iyong pagpapalaglag?
Assustadas, amedrontadas. Somente quem te ama de verdade fica ao seu lado num momento desses. As máscaras caem e você reconhece quem são os amigos verdadeiros.