Giovanna

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Oi amigas, primeiramente gostaria de dizer que eu entendo exatamente o quê vocês estão sentindo e o desespero que é estar nessa situação, então como forma de ajuda venho aqui escrever esse texto, para quê vocês possam entender um pouco da minha história e tentarem se tranquilizarem, por quê independente da sua decisão, vai dar tudo certo. Meu nome é Giovanna e tenho recém feitos 17 anos, para explicar desde o princípio, eu tenho um namorado o qual é um ano mais velho que eu, também muito novo. Já tive outro namoro e outros lances, mas minha primeira experiência de relação sexual foi com esse meu atual namorado, desde que começamos a namorar a mais ou menos 9 meses estamos tendo relações, porém de uma forma um pouco diferente. O quê acontece é que desde pequena sempre tive muito incômodo e medo com o ato da penetração, e mesmo quando eu me masturbava nunca consegui me penetrar mesmo com os dedos. Antes de ter relações eu achava que era algo normal, e depois que eu perdesse minha virgindade o meu medo iria passar, mas não. Após perder minha virgindade o medo só piorou, na minha primeira vez senti muita dor e tive um pequeno sangramento - o quê só complicou mais a situação. Nas transas que se seguiram muitas vezes eu não deixava meu namorado me penetrar por causa do medo, ele sempre muito carinhoso e paciente comigo entendeu. Com o passar do tempo, fui ficando mais tranquila e confortável e eu conseguia aos poucos deixar ele me penetrar, foi quando decidi que eu precisava começar a tomar anticoncepcional, tomei por umas duas semanas mas parei, pois estava me fazendo mal, minha menstruação durou aproximadamente 10 dias (sempre duravam no máximo 4 dias), e começaram a aparecer muitas espinhas no meu rosto. Então eu decidi parar de tomar, isso logo no começo do ano. O tempo se passou, e continuei sem tomar nenhum método anticoncepcional e nas minhas relações não usava preservativo, pois me incomodava muito. No fim de março consultei a ginecologista e ela me indicou outro anticoncepcional, porém eu deveria esperar minha menstruação descer para começar a tomar, até aí tudo bem. Porém o tempo foi passando, e nada, chegou dia 10 de abril o qual minha menstruação deveria descer, e nada. Fui começando a ficar preocupada e pesquisei os primeiros sintomas da gravidez, porém eu não apresentava nenhum além do atraso menstrual, dei uma relaxada pois em uma das relações sexuais que eu havia tido recentemente eu tinha tomado pílula do dia seguinte, e da outra vez que eu havia tomado minha menstruação atrasou, então eu decidi esperar mais um pouco. Novamente o tempo passou e não havia nenhum sinal da minha menstruação, notei inchaço nos seios e muita dor no mesmo. Fui juntando as peças, a data da última menstruação, meu período fértil, e adivinha? Eu tinha tido relações desprotegidas bem no pico do meu período fértil, eu já sabia mas não queria acreditar. Minha mãe já ciente do meu atraso menstrual decidiu fazer um teste de gravidez comigo e com meu namorado, ele já ciente de toda a situação também estava muito preocupado. Fiz o teste e pro meu desespero deu positivo, dois riquinhos com um fraco, fiz duas vezes e o resultado foi o mesmo. Minha única reação foi começar a chorar sem parar vendo o desespero da minha mãe e a preocupação no rosto do meu namorado, chorei sem fim e sem parar. Por sorte lembrei na mesma hora que a prima de uma amiga conhecia um fornecedor de cytotec, sem hesitar pedi o contato do fornecedor, todas as instruções de uso e valores. Na mesma hora que eu havia descoberto minha gravidez eu já tinha decidido que não iria prosseguir com ela, pois eu não tinha nenhuma condição emocional, e também no momento não havia condições financeiras, acredito também que nem físicas pois de forma alguma eu conseguia me imaginar gestando uma criança dentro de mim, levando em conta minha idade. Eu não queria abrir mão dos meus sonhos, da minha juventude, dos meus estudos, eu nem havia terminado a escola e ainda tinha muitos planos, e eu não podia largar tudo isso por causa de uma criança que nem seria desejada por mim. Falei para minha mãe o quê eu queria e já sabia como conseguir o abortivo, ela muito relutante ainda não sabia o quê eu deveria fazer e pediu tempo para pensar. Enquanto isso ela contou para meu pai e para os meus sogros, meus sogros os quais tiverem uma boa reação. Meus pais e meus sogros conversaram e chegaram a decisão de que a melhor solução seria um aborto, considerando que de acordo com o teste de gravidez onde apresentava um risquinho fraco eu ainda estava no começo da gestação. No mesmo dia dormi na casa do meu namorado, meus sogros estavam animados com a notícia e falaram que apoiavam minha escolha mas tentaram me convencer a mudar de ideia, dizendo que uma criança me traria apenas felicidade e que eles ajudariam a cuidar e criar, mas eu sempre disse que isso seria responsabilidade minha e do meu namorado e eu não iria jogar tal responsabilidade nas costas deles. Conversando com o fornecedor cheguei a um acordo, seriam 6 pílulas do remédio misoprostol, de aplicação 2 sublingual e pro meu pesadelo 1 intravaginal, tudo isso em duas doses de intervalo de duas horas após a primeira dose. Antes de entrar em contato com esse fornecedor, eu já estava ciente do site women on web, mas em crise de corona vírus e pandemia mundial, todas as fronteiras mundiais estavam fechadas, portanto não estavam trazendo o remédio para o Brasil e eu não queria esperar mais, pois quanto maior o tempo de gestação maior os riscos, e eu já estava aproximadamente na minha sexta semana de gestação, e o recomendado para o abortamento seriam até aproximadamente 9 semanas. Após muito choro, discussões com meus pais, estresse e ansiedade, 3 dias depois meu pai comprou o remédio, os 6 comprimidos ao todo 780 reais. Fiz o uso do remédio na noite do mesmo dia, eu estava muito enjoada mas tentei almoçar uma quantidade razoavelmente boa para que eu não ficasse tão fraca na hora do aborto, fiquei 6 horas em jejum e a hora chegou. Fiquei na companhia do meu namorado e do meu pai que é médico e o qual poderia me auxiliar caso houvessem complicações, tudo isso indo contra a ética profissional dele, porém ele estava fazendo isso não como médico, mas como pai, pelo meu bem estar. Na hora de aplicar a pílula intravaginal foi um pesadelo, foi meu pai para introduzir com o aplicador de pomada, e meu namorado me segurando, gritei e chorei muito; não tanto pela dor, mas sim pelo medo e desespero, o remédio foi introduzido o mais perto possível do limite do meu canal vaginal, após isso ingeri outros dois comprimidos via sublingual, esperando dissolver por completo para engolir, depois me deitei e não levantei mais esperando o efeito começar. Após a primeira dose, mais ou menos 10 minutos depois senti meu útero inchar, e umas cólicas leves começaram, porém até aí sem sinal nenhum de sangramento. Duas horas se passaram e tomei a outra dose, porém dessa vez na aplicação intravaginal a pílula não entrou direito no meu canal vaginal, o quê me deixou desesperada com medo de não funcionar. Não muito tempo depois comecei a sangrar, não era um sangue escuro como o de menstruação, era um sangue vivo, vermelho, fiquei preocupada mas meu namorado do meu lado me tranquilizou e me apoiou durante todo o processo. Continuei deitada, sangrando, e com cólicas leves, meu namorado conversava comigo sobre assuntos aleatórios e tentava me distrair, enquanto isso eu falava com minha mãe pelo whatsapp contando como eu estava me sentindo. Um tempo depois senti muita vontade de ir no banheiro, aquela mesma vontade de quando você tem uma diarreia o qual é um dos efeitos do remédio, me levantei com o auxílio do meu namorado e fui correndo para o banheiro, minha barriga estava tão inchada que eu não conseguia nem ficar com a postura ereta. Cheguei no banheiro e comecei a evacuar fezes líquidas, parecia que não havia fim, após evacuar vi um coágulo sair de mim, saiu sozinho não precisei nem fazer força. Me levantei para olhar a privada mas havia tantos dejetos que só dei a descarga, continuei sentada no vaso pois ainda não me sentia bem para levantar e ainda evacuava um pouco, foi quando as cólicas se intensificaram muito, minha pressão caiu e percebi que ia desmaiar, gritei por ajuda e meu pai e meu namorado vieram correndo para me segurar, minha visão escureceu e eu apenas ouvia vozes distantes, quando recobrei a consciência tive muita ânsia de vômito, meu namorado segurava uma sacola mas eu não vomitava nada por conta do jejum, fiquei tentando vomitar um pouco e então o enjoo passou. Continuei sentada no vaso tentando juntar forças para me levantar, quando consegui voltei para o quarto para me deitar,
mas dessa vez as cólicas eram bem piores, eu gemia e me contorcia de dor, e estava sangrando bastante, vez ou outra eu precisava levantar para evacuar e notava alguns coágulos de sangue saindo no absorvente, porém em momento nenhum consegui identificar o feto, creio que por quê ainda era muito pequeno. Enquanto eu me contorcia de dor na cama, a sensação de culpa era imensa, porém eu sabia que era a melhor saída. E foram assim por mais ou menos duas horas, fiquei me contorcendo de dor com meu namorado ao lado morrendo de preocupação por mim, até que enfim consegui dormir. Acordei no outro dia sem dor nenhuma, conseguia andar e fazer as coisas normalmente, fui ao banheiro e eu ainda estava sangrando bastante, porém sem sinal de coágulos. Tomei um banho e notei que meus seios haviam diminuído um pouco e a dor neles era bem menor. Nesse dia eu já conseguia comer, já não sentia mais enjoo, e aproveitei para comer bastante pois eu estava muito fraca, tive algumas cólicas mas nada tão forte quanto havia sido naquela mesma madrugada, fiz uma compressa morna e melhorou. No outro dia a dor dos meus seios estavam mais fracas do quê o dia anterior, e nesse dia já consegui sair de casa, porém eu evitava fazer esforços. Dormi na casa do meu namorado e até aí tudo bem, porém na tarde do dia seguinte às cólicas intensas voltaram e novamente tive diarreia, eu ainda sangrava mas era normal do processo continuar sangrando após alguns dias. Mas a dor era imensa, não conseguia me manter de pé, meu namorado ligou para meus pais e rapidamente eles me chegaram para me levar pro hospital, fomos eu, meu namorado e meus pais, chegando lá eu não pude falar nada sobre o aborto induzido, apenas contei que estava grávida e havia tido muito sangramento com coágulos. Consultei a médica e ela quis examinar meu canal vaginal, porém expliquei da situação, das minhas dores, medo e desconforto e ela entendeu, foi requisitado um exame beta hcg e um soro. Tomei o soro e fiz o exame beta hcg, enquanto eu estava tomando o soro, tive uma sensação de algo muito grande saindo de mim, fui ao banheiro e havia um coágulo de sangue enorme do tamanho do absorvente, não sei distinguir se era o feto, o saco embrionário ou algo do tipo, mas aí entendi que a cólica intensa era recorrente do conteúdo que meu corpo ainda havia de expelir. Após tomar o soro, consultei novamente com a médica e ela falou o resultado do meu beta hcg, o valor foi de aproximadamente 2,900 e havia diminuído muito do meu último beta hcg (que eu fiz um dia antes de tomar o misoprostol) nesse meu primeiro exame o valor do beta hcg foi de 33,000, ou seja, estava diminuindo muito quando deveria estar dobrando. Nessa hora o alívio foi enorme pois tive a certeza de que havia dado certo. Foi requisitado uma ultrassom pra ver se ainda havia muito conteúdo dentro do meu útero e se seria necessário fazer uma curetagem, por isso fiquei internada naquela noite no hospital na companhia da minha mãe, para que no dia seguinte ainda cedo eu fizesse o ultrassom. A princípio foi requisitado o ultrassom intravaginal pois como eu ainda estava no início da gravidez era mais recomendável e podia se ter uma noção melhor do meu útero, porém insisti que fosse feito por abdominal. Na manhã do dia seguinte ainda no hospital fiz o ultrassom e foi constatado que ainda havia um pouco de material resquício da gravidez, mas que não era necessário fazer curetagem pois o meu corpo expeliria naturalmente. Tive alta na mesma manhã e fui para casa, porém eu ainda devia ir todo sábado de manhã ao hospital durante 1 mês para fazer o ultrassom e ver se meu corpo estava conseguindo expelir o resto do conteúdo. A semana passou e se seguiu bem, eu ainda sangrava mas em uma quantidade bem menor, e aos poucos o sangramento parou. Não sentia mais cólicas, conseguia comer normalmente, e a dor e o inchaço nos seios haviam sumido completamente. O sábado chegou e fiz novamente o ultrassom, e nesse foi constatado que todo o material da gravidez foi expelido e havia sido um abortamento completo. Hoje já fazem 3 semanas do meu aborto, só posso dizer que o alívio é enorme, a sensação de culpa é pesada, porém creio que seja algo que contribuiu para o meu amadurecimento, e foi um tapa na cara para que eu começasse a me previnir e cuidar mais de mim mesma, ninguém acha que o ruim vai acontecer com você, até acontecer. Não contei para ninguém além dos meus pais, dos meus sogros, da minha amiga que me ajudou a conseguir o cytotec e dois amigos muito próximos de mim e do meu namorado. Tive uma enorme sorte de ter sido apoiada e não ter sido julgada por ninguém, porém sei que se mais gente ficasse sabendo talvez a reação pudesse ter sido negativa. Infelizmente vivemos em um país hipócrita, corrupto e tolo. Me dói o coração saber que não são todas as mulheres que tem a mesma sorte, condição e apoio que eu tive, e acabam falecendo devido à falta de estrutura e cuidados corretos em clínicas clandestinas. Engravidar com meus 16/17 anos foi o maior trauma da minha vida, e apesar da culpa ter sido minha e do meu namorado, o corpo é MEU, e mais ninguém além de mim tem o direito de decidir o quê eu devo fazer ou não com ele. Aborto é questão de saúde pública, ninguém é obrigado a botar uma criança no mundo enquanto não tem estrutura nenhuma para cuidar da mesma. Hoje sou apoiadora da legalização do aborto, e luto pela descriminalização do mesmo. Não deixe ninguém decidir o quê você deve fazer, a escolha é unicamente sua. Lembre-se: seu corpo, suas regras.

2020 Brazil

Sofri dos efeitos, muita cólica, diarreia, ânsia de vômitos, porém tudo descrito entre os efeitos do remédio. Achei seguro e extremamente eficaz.

Did the illegality of your abortion affect your feelings?

O medo e a preocupação por estar cometendo um ato ilegal é grande, porém eu estava decidida da minha decisão e ninguém além de mim mesma poderia mudar minha escolha. O aborto é questão de saúde pública e já deveria ter sido descriminalizado à anos.

How did other people react to your abortion?

Apenas meus pais, meus sogros e três amigos próximos ficaram sabendo. Felizmente tive o apoio de todos.

Kasia —-

Od miesiąca bylam w związku ze swoim przyjacielem, wszystko zapowiadało się…

Génesis

Hola. Esta es mi experiencia.
Tengo 17 años actualmente, no soy virgen pero…

An

A los 19 años , no me arrepiento de haber tomado esta desicion. Fue un…

Blue

The decision was easy, but the emotions were not.

The person who got me…

Karolina

Historia jakich wiele, jedna nieprzemyślana decyzja i stało się - test wychodzi…

Abril Violeta

cuando tenía 24 años, recién terminaba la licenciatura, estaba desempleada, en…

Sara

Tome la decisión ya que anteriormente (a los 15 años) ya había tenido un…

Francis

Una decisión consciente de vida

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E foi uma das decisões mais difíceis da minha vida .
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Yo aborte porque no estaba en el momento adecuado para tener un hijo, mi madre…

Вика а

I had an abortion я сделала аборт и не жалею. это бил правильный выбор. Я…

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Yo aborte por que decidí que no estaba lista para ser madre y por qué empiezo a…

Abbie

I had an abortion and don't regret it.

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Gdy okazało się, że jestem w ciąży najpierw się ucieszyliśmy z mężem. Będzie…

Daniela Moraes

É fácil defender o aborto das outras. Difícil é decidir quando a gente precisa…