Isa
Tenho 28 anos, namoro a 2 anos. Sou do interior.
Duas semanas atrás descobri que estava grávida. Tomo anticoncepcional desde os 19, tomo o Qlaira a 3 anos.
Sou uma pessoa muito distraída e acabo esquecendo de tomar a pílula tem dia.
Acabei engravidando provavelmente em um dos dias que esqueci.
Todo mundo sempre diz que não tenho jeito pra ser mãe, que não tenho paciência e que provavelmente vou esquecer meu filho em algum lugar.
O dia que descobri deve ter sido um dos piores da minha vida.
Sempre fui desregulada, então não estranhei alguns dias de atraso na minha menstruação.
Como tinha que ir na ginecologista para fazer preventivo e também porque estava com uma infecção urinária, pensei comigo "se estiver grávida ela vai perceber".
Fiz o preventivo e alguns exames de urina, deu tudo Ok. Fui embora achando que estava tudo certo e que minha menstruação estava atrasada só.
Uns dias depois, levantei para ir ao banheiro fazer xixi, eu durmo pelada então quando passei na frente do espelho quase cai pra trás. Meu peito estava enorme, apertei e doeu bastante. Fiquei chocada.
Na mesma hora fui na farmácia comprar alguns testes de gravidez.
Cheguei em casa e fiz o primeiro, mais caro, nunca vi um negócio tão rápido, positivo. Fiz o segundo já desesperada, positivo.
Chamei meu namorado, agachei no chão e chorei, chorei que nem uma louca. Ele tentou me acalmar, mas nada iria fazer diferença naquele momento.
Eu tenho 28 anos mas meus pais ainda me sustentam. Comecei um negócio agora com meu namorado e mais dois sócios. Estou mudando pra São Paulo depois de tanto lutar por isso.
Minha mãe sempre foi muito controladora. A minha vida inteira eu tentei fazer o que ela quis.
Namorei 7 anos uma pessoa que eu não amava, que ela insistia em dizer que eu amava sim, e que era assim mesmo, que depois de um tempo você não sentia mais muita coisa pelo seu companheiro.
Sempre me jogou pra baixo, tudo que eu fazia era errado, e só me critica.
Sou formada em veterinária, nunca consegui seguir nenhuma profissão porque tenho auto estima muito baixa. Sempre que começo algo, acho que está errado e que eu sou péssima e não consigo prosseguir.
Larguei do namorado que minha mãe amava e logo conheci o atual. Estamos a 2 anos juntos, fiquei apaixonada por ele. Cheio de vida, inteligente e esforçado.
Meus pais têm muito dinheiro e meu namorado é pobre. Ninguém gosta dele na minha casa. Dizem que não combina comigo. Minha mãe sempre vem me falar os mil defeitos que ele tem.
Enfrentei todo mundo para ficar com ele.
Ele me botou pra cima e como eu estava perdida e ele estava com um projeto ótimo em andamento, acabei virando sócia dele. A empresa está começando e ainda não dá dinheiro, provavelmente vai começar a dar algum lucro apenas daqui um ano.
No dia que descobri a gravidez, tudo começou a passar pela a minha cabeça.
"O que eu vou fazer?"
"Ele não tem dinheiro pra sustentar o meu filho"
"Minha mãe vai usar isso para me levar embora daqui, vai acabar com meus planos"
" ela vai querer arrumar um emprego na empresa da família pra ele, vai dizer que agora têm responsabilidades e serei igual minha irmã do meio, para sempre refém da minha mãe"
Procurei uma amiga que já tinha feito aborto e pedi o telefone do médico.
Ela tentou me convencer a não fazer isso, disse que não era tão simples quanto parecia e que era uma dor pra carregar pra sempre.
No mesmo dia que descobri fiz um ultra-som. Eu só tinha o saco gestacional, o embrião ainda não tinha caído no útero, provavelmente estava de 5 semanas.
Fiquei mais aliviada pois minha irmã mais velha não conseguiu ter filhos e por várias vezes que engravidou, só formou o saco gestacional. A minha irmão do meio, perdeu as duas primeira gravidez pelo mesmo motivo.
Achei que comigo aconteceria a mesma coisa e fiz o que o médico pediu, esperei uma semana e fiz outro ultra-som.
Quando a médica fez o transvaginal, antes de falar qualquer coisa, pude ver uma semente branca dentro do saco gestacional. Era o fim, eu realmente estava grávida.
Ela colocou para eu escutar o coração, eu derreti, meu namorado derreteu. Todo o plano de aborto ficou pra trás naquele momento.
Como eu poderia tirar algo de mim que tem coração, medindo apenas 1 cm mas com 130 de batimentos cardíacos por minuto. Eu estava de 7 semanas.
Saímos de lá arrasados. Chorei por mais várias noites tentando pensar no que deveria fazer.
Cheguei a conclusão, depois de ler muito a respeito, de que mesmo com pulsação, ainda era um feijão e eu tinha como escolher.
Esqueci de contar antes, que no dia que descobri, tomei muito chá de canela, chá de sene e losna. Não adiantou nada, achei que fosse morrer de tanta cólica, e que iria abortar por isso, mas era apenas diarreia e o ultra-som confirmou que não adiantou bosta nenhuma. Tomei também potes e potes de vitamina C, que dizem que reduz a progesterona, nada também, só dor de estômago.
Mesmo após o ultrassom, eu marquei uma consulta com o médico que minha amiga passou. Pesquisei o nome dele e ele já havia sido preso uma vez. Não me abalei, pois minha amiga era de confiança e era médica, então não ia me mandar pra qualquer espelunca.
A consulta foi 400,00 reais. Eu expliquei minha situação pra ele chorando, fiquei muito nervosa.
Ele me acalmou e explicou como funcionava o procedimento e como ele já tinha feito isso até na filha dele.
Até 1 mês e meio de gravidez era tranquilo, era apenas pelo método de sucção e nem precisava de curetagem.
O custo seria 3.500,00 reais, o mais barato, por ser o mais fácil.
Ele disse que chegava a cobrar até 15.000,00 reais para mulheres grávidas de fetos com deformidade.
Marquei para dois dias depois.
Tinha dois dias para pensar. Minha irmã teve a neném que ela estava esperando no dia seguinte à consulta. Fui visitá-la, fiquei olhando muito tempo pro bebê dela e pensando em como seria o meu. Não conseguia me ver mãe, não consegui nem segurar o bebê dela direito.
Conversei muito com meu namorado, ele estava em dúvida, não sabia se iria conseguir conviver com isso, e nem eu.
O dia chegou e eu pedi para Deus me guiar, e se não fosse pra eu abortar, que ele colocasse alguma barreira no meu caminho.
Mas nada aconteceu, cheguei na clinica um pouco atrasada devido ao trânsito. Me colocaram em uma sala, onde tirei as roupas de baixo.
Fui para outra sala, me deram antibiótico e analgésico na veia, e assim que o médico entrou na sala, aplicaram propofol e eu adormeci.
De acordo com meu namorado 6 minutos depois eu voltei para sala de repouso. Ele me abraçou, eu chorei, ele também.
Me senti aliviada e ao mesmo tempo vazia, parece que sentia falta de alguma coisa.
Voltei pra casa com um pouco de cólica e um pouco de sangramento.
No outro dia voltei ao médico e verifiquei que estava tudo ok.
Acabou, eu não estou mais grávida. O que será que era? Menino ou menina ?
Eu teria sido uma boa mãe ?
Me sinto vazia as vezes mas sei que a hora não era essa.
Dói, não é fácil. Mas é uma escolha.
Antes não pensava em quando e quantos filhos eu queria, nem sabia se queria.
Hoje tenho certeza que quero, eu devo um filho pro mundo. Vou ter, assim que eu estiver preparada.
2015 Brazil
Foi triste, não tem como algo assim ser normal ou Ok. Posso ter me sentido livre de novo, mas sempre fica um vazio.
Eu acabei de começar uma vida nova é difícil, contra a minha família, quem ainda me sustenta e faz questão de jogar na minha cara. Não queria perder tudo.
Vajon az abortuszod törvénytelensége befolyásolta-e az érzéseidet?
Não
Hogyan reagáltak mások az abortuszodra?
Monjas amigas apoiaram, conhecem os meus problemas. Apenas a amiga médica que já fez um aborto acha que eu deveria ter mantido a gravidez
Elizabeth Elizabeth
Yesterday was my second abortion. My first one was an easy choice as I was just…